Estamos vivendo uma era de exaustão. Seja pelo excesso de informação, pelas constantes mudanças e transformações, pela incerteza do que ainda está por vir, pelas comparações virtuais que muitas vezes não representam a realidade. Principalmente por não conseguirmos digerir e nos adaptar a tudo no tempo que precisa ou que nos concedemos em nossas expectativas impossíveis.
E como estamos lidando e nos adaptando a tudo isto? Este contexto tem contribuído muito para nosso desgaste emocional e fraqueza mental, além de um sentimento de incapacidade, angústia, insegurança e dúvida sobre se estamos caminhando na direção correta ou não.
Tudo isto nos amedronta, tem o potencial de nos paralisar, nos faz duvidar de nossa capacidade e nos torna reféns de hipóteses, relações e empregos. Consequentemente roubando nosso foco, nosso tempo e nos adoecendo.
E neste movimento, na corrida contra o tempo, acabamos consumindo e replicando comportamentos que não fazem sentido e não estão alinhados com a construção da história de vida e carreira que almejamos. Então nos sentimos fracassados e perdidos, tornando nossa jornada mais difícil e cansativa.
Muito se deve ao fato não nos conhecermos bem, de não acreditarmos no nosso potencial, de não sabermos o que estamos em busca e consequentemente não planejarmos quais serão nossos próximos passos.
Ignoramos muitas vezes o que já foi construído e trilhado e quais competências foram necessárias e desenvolvidas durante a jornada.
O autoconhecimento é fundamental para que se possa agir de acordo com as próprias convicções e possibilita reconhecer nossas habilidades e potencialidades, além de ser base para tomada de decisão com mais segurança.
É ainda um dos pilares que desperta a consciência e independência para reconhecer a pessoa que você é de fato, por meio da identificação de seus pontos fortes, fracos, estilo, personalidade e cada vez mais entender como eles se combinam e afetam você.
Junto com essas características, suas experiências de vida, criação, vitórias, perdas, crenças, valores, seus medos, desejos, necessidades e as histórias que você conta a si mesmo criam um modelo de como você se entende e como você compartilha isso com o mundo.
Além disso, esse modelo também o ajuda a criar um plano objetivo de onde se quer chegar, para encontrar o melhor caminho e adaptar a rota quando necessário.
Por isto, antes de seguir listas infinitas que definem que habilidades e comportamentos desenvolver, antes de replicar comportamentos e antes mesmo de se sentir fracassado, faça algumas perguntas a si mesmo.
Quem sou EU?
Ao viver de forma tão acelerada, não paramos para dizer a nós mesmos quem somos e como nos vemos.
Este é um exercício simples, mas traz leveza. Pegue uma folha de papel e conte, de forma positiva em no mínimo 20 linhas, quem é você. A ideia não é falar qual é a sua formação ou qual o seu cargo na empresa e sim como você se enxerga como pessoa. Surpreenda-se com o resultado do seu eu.
Onde quero chegar?
Saber o que queremos para nossas vidas nos ajuda a tomar decisões de maneira mais assertiva.
Chamamos isto de propósito. Um número significativo dos meus mentorados ao longo do ano não se deram conta que não sabiam responder a esta pergunta.
Estavam apenas seguindo, e esta era uma das razões de muitas frustrações e infelicidade em algumas áreas de suas vidas e que estavam os abalando emocionalmente.
A insegurança em tomar decisões importantes em suas carreiras e consequentemente em suas vidas, estava diretamente ligada ao fato de não ter clareza do que estão em busca, pelo que estão dedicando seu tempo e saúde, vivendo a vida apenas no presente, o que de fato pode não ser ruim, desde que isso não esteja causando frustração e consequentemente adoecimento.
Não estamos falando de um plano de 20 anos, e sim de um plano para os próximos 12 meses. Estamos falando do que nos move, do que faz dedicar tempo e saúde todos os dias, porque é isso que faz parte do plano. Temos que definir prioridades.
Onde estou?
A vida não é uma fórmula matemática em que tudo tem que dar certo.
Não, muitas vezes teremos que improvisar para mudar a direção, a maneira de pensar e agir. Mas se você tem clareza de para onde está indo ou deseja ir, essa mudança será simplesmente uma alteração a partir daquilo que foi planejado.
Se você tiver que mudar sua rota sem saber especificamente onde você estava, e onde você quer chegar, realmente você não terá nenhum referencial para medir suas conquistas, o que contribui para o sentimento de fracasso.
É claro que não é apenas isto, o processo de autoconhecimento e desenvolvimento requer muito mais que apenas responder a estas perguntas.
O exercício de se questionar é apenas o início de uma trajetória de descobertas que lhe trará muitas reflexões sobre o caminho que está trilhando e ainda trilhará. Ele ajudará a entender se suas ações, atitudes e comportamentos estão em linha com seu propósito.
Adicionalmente você também poderá:
Usar Inventários de personalidade
Os inventários comportamentais ou de personalidade, abrangem a análise do comportamento e o mapeamento do indivíduo. Ajudando a identificar competências, habilidades, recursos e características que direcionam nossas ações. Eles são ótimas ferramentas para entender seus traços pessoais.
O resultado de um inventário de personalidade ajuda você a refletir sobre sua atitude, comportamentos, características e o que impulsiona sua tomada de decisão e, assim, tornar-se mais autoconsciente. É uma ferramenta muito utilizada por coaches e profissionais de assessoria de carreira.
Use ajuda profissional
Um bom psicólogo ou coach pode ser inestimável para fornecer feedback que aumentará seu nível de autoconsciência e pode apoiar na construção de comportamentos relevantes.
Também contribuirá na interpretação do feedback de outras pessoas, relevantes para seu desenvolvimento, e o ajudará para apoiar nas suas ações.
Esteja aberto para mudanças e transformações
Ter o desejo de melhorar é apenas metade da batalha: você precisa estar aberto para mudanças.
Nós naturalmente evitamos mudanças – isso nos deixa desconfortáveis. Mas a melhoria duradoura só acontece quando temos a vontade de mudar um hábito ou comportamento e a autoconsciência para nos responsabilizarmos por essa mudança.
Peça Feedback e Ouça
Isso pode não ser fácil, principalmente se você tiver a mente fechada e ficar na defensiva com as pessoas que fazem críticas a você.
Lembre-se de que, sem correção, suas fraquezas limitariam o quão longe você poderia chegar.
Pedir feedback pode ser tão doloroso quanto fortalecedor. Embora ninguém goste, devemos tentar ver as críticas como um feedback útil para melhorar a nós mesmos. Isso ajudará a aprender mais sobre as características demonstradas ou que precisam ser desenvolvidas, tanto no âmbito pessoal quanto no profissional.
Busque um Mentor
Ter alguém que admira como mentor é um excelente começo. Não importa em que estágio da carreira você esteja, ter um bom mentor ao seu lado poderá colocá-lo no comando de sua carreira, ajudá-lo a explorar opções que antes eram inimagináveis, dar-lhe acesso a oportunidades inexploradas e guiá-lo a navegar pelos desafios que nunca se imaginou chegando.
Um mentor é alguém que pode ajudar a explorar carreiras, estabelecer metas, desenvolver contatos e identificar recursos por meio do compartilhamento de referências de sua própria trajetória de carreira, podendo ainda fornecer orientação, motivação, apoio emocional e modelo de comportamento.
Conclusão
Desenvolver o autoconhecimento leva tempo, esforço e prática. Requer que você preste atenção à sua própria personalidade e comportamento. Ainda o prepara para a transformação que precisa fazer na sua própria vida e na sua história.
A comparação da evolução e sucesso deve ser sempre medida consigo mesmo e em direção a sua rota pois somos indivíduos com histórias, realidades e vidas diferentes. Não deixe que o bombardeio de informações e requisitos sem filtro se torne seu maior inimigo, abale seu desenvolvimento e principalmente sua saúde mental.
Como bem colocado na arte da guerra: “se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece, mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas”. (Sun Tzu).
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Por Jeise Lucia Moreira, executiva Global de Gestão de Pessoas, Mentora de carreira e membro da DCH-Organização Internacional de Diretivos de Capital Humano. Teve sua carreira desenvolvida em Indústrias B2B passando por diferentes transições de cultura e governança, em ambientes voláteis e com administração diversificada, tais como familiar, Private Equity, Siderurgia e Mineração.