Janeiro Branco: saiba o que é e como cuidar da saúde mental
Janeiro Branco, Setembro Amarelo, Outubro Rosa e Novembro Azul. O que essas denominações têm em comum? Todas representam campanhas criadas para conscientizar a sociedade sobre temas específicos. Mas além delas existem outras, cada uma com sua proposta de lançar luz sobre assuntos nem sempre fáceis de abordar.
Neste conteúdo, trataremos sobre o Janeiro Branco, campanha voltada à promoção da saúde mental. O tema é de extrema importância em um país onde a Síndrome de Burnout passou a ser doença ocupacional.
Lembre-se que o cuidado com os recursos humanos é responsabilidade da Gestão de Pessoas. Portanto, o RH deve saber o que é o Janeiro Branco e como o tratar o tema no contexto organizacional. Confira!
O que é o Janeiro Branco?
Trata-se de uma campanha nacional e sem fins lucrativos, para conscientizar a população sobre saúde mental e emocional. O Janeiro Branco foi idealizado em 2013, pelo psicólogo mineiro Leonardo Abrahão, com objetivo de incentivar a sociedade a adotar hábitos de autocuidado e autoconhecimento.
Além disso, o primeiro mês do ano não foi uma escolha aleatória para a campanha. Tradicionalmente, janeiro representa um marco temporal e estratégico para as pessoas. O período traz reflexão sobre o que queremos e pretendemos realizar nos próximos 365 dias. Portanto, nada melhor do que colocar a saúde e o bem-estar na pauta.
Nesse sentido, o Janeiro Branco é uma campanha de extrema importância, semelhante a outras iniciativas, como o Outubro Rosa e o Novembro Azul. Uma vez que discutem assuntos relevantes que nem sempre recebem a devida atenção.
Por que é importante promover o Janeiro Branco?
Para justificar a necessidade de uma campanha, nada melhor do que apresentar estatísticas. Conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS), os transtornos depressivos atingem quase 12 milhões de brasileiros (5,8% da população). No número total de casos, o Brasil perde apenas para os Estados Unidos.
O mesmo relatório da OMS, publicado em 2017, aponta que o Brasil é líder em transtornos de ansiedade generalizada. O país tem a maior taxa de ansiosos no mundo, totalizando 9,3% dos brasileiros. Pesquisas mais recentes de 2021, mostram que quase 70% das pessoas acreditam que ansiedade pelo novo ambiente de trabalho e excesso de informações são as duas principais dores de novos(as) colaboradores nos primeiros meses de empresa.
Mas o suicídio, outro problema de saúde pública ligado à saúde mental, também tem dados alarmantes. Segundo o Boletim Epidemiológico de Tentativas e Óbitos por Suicídio no Brasil (2017), o autoextermínio é a quarta maior causa de mortes entre os jovens brasileiros. Entre 2011 e 2016 foram 62.804 ocorrências.
Portanto, as estatísticas são a principal razão para campanhas como o Janeiro Branco, porém não é a única. Mas pessoas que sofrem com transtornos mentais e psicológicos são estigmatizadas, pois, infelizmente, falar sobre saúde mental ainda é um tabu.
Diante do preconceito e da desinformação, campanhas como o Janeiro Branco servem de alerta para o tema. Falar sobre o assunto ajuda a construir políticas públicas para prevenir, tratar e combater o adoecimento mental e psicológico.
Em resumo, promover o Janeiro Branco estimula as pessoas ao cuidado com a mente, da mesma forma que cuidamos do corpo.
Quais os objetivos do Janeiro Branco?
Promover a saúde mental é a principal finalidade da campanha. Mas não é a única. Confira outros objetivos que ela propõe.
Diminuir a estigmatização
Promover ações específicas sobre saúde mental é a melhor maneira de romper paradigmas. A campanha Janeiro Branco tem como característica a realização de debates capazes de diminuir o preconceito que ainda existe sobre transtornos psiquiátricos. Ao lidarmos com essas questões, a sociedade se sente estimulada a buscar soluções e aceitar tratamentos adequados.
Aproveitar o primeiro mês do ano e sua simbologia
Para muitas pessoas, o final do ano é a oportunidade de rever as trajetórias pessoal e profissional. Nesse sentido, janeiro é o mês destinado ao planejamento de metas e início de novas atitudes. A simbologia do primeiro mês remete ao recomeço, motivando conversas e ações sobre as mudanças necessárias. Logo, cuidar da saúde mental pode e deve ser uma meta para o ano que começa.
Fomentar uma nova cultura
Ações preventivas contribuem para o surgimento de uma cultura específica voltada à saúde mental. Assim, promover conscientização sobre autocuidado e autoconhecimento reflete positivamente no ambiente organizacional.
Qual a importância no contexto organizacional e por que se atentar aos cuidados com a saúde mental?
A campanha Janeiro Branco propõe chamar atenção para a saúde integral do indivíduo, principalmente em seus aspectos mentais e emocionais. Nas empresas, o tema ganha espaço, pois a exaustão mental afeta a produtividade no trabalho.
No contexto organizacional, problemas como ansiedade, depressão, isolamento social, Síndrome de Burnout e falta de motivação são sintomas frequentes. As causas são muitas: prazos apertados, metas inatingíveis, competitividade, ambiente tóxico, falta de diálogo e pouca empatia afetam a saúde mental do trabalhador.
Mas a baixa produtividade não é a única consequência do adoecimento psicológico. Aumento nos índices de absenteísmo, dificuldade de relacionamento e turnover também marcam presença.
Nesse sentido, cuidar da saúde e do bem-estar dos colaboradores é um dever da Gestão de Pessoas. Tanto para alcançar os resultados esperados quanto para preservar o clima organizacional.
Assim, o setor é responsável por conscientizar todo o quadro, independente da hierarquia. Gestores, colaboradores, lideranças e parceiros, público interno e externo, todos devem estar engajados.
Além disso, o RH deve considerar que as estratégias em prol da saúde mental não estão restritas ao mês de janeiro, elas podem ocorrer durante o ano todo, valorizando as pessoas. Trata-se dos recursos mais importantes em uma empresa.
Dicas de como inovar na campanha do Janeiro Branco
Embora o primeiro mês do ano seja específico para tratar sobre saúde mental, as empresas podem trabalhar a questão a qualquer momento.
Para isso, a Gestão de Pessoas pode implementar programas sistemáticos de conscientização. A criatividade é o limite. E cada organização conhece a melhor maneira de tocar seus colaboradores sobre temas sociais importantes. Confira algumas dicas para inovar no Janeiro Branco e engajar seus colaboradores:
- promover atividades que reduzam o estresse ocupacional (happy hours, confraternizações, momentos de descontração);
- oferecer sessões de autocuidado (terapia, meditação, automassagem, yoga, ginástica laboral);
- palestras e workshops, presenciais ou virtuais, são sempre bem-vindas e trazem informação;
- pausas programadas durante a jornada ajudam a reduzir a sobrecarga;
- o ambiente de trabalho deve ser adequado ao bem-estar, incluindo temperatura, ergonomia e iluminação;
- atividades para reduzir o estresse ocupacional fazem a diferença, principalmente em períodos de alta produção;
- apostar na comunicação objetiva e sem rodeios, assumindo uma postura empática;
- ter canais de comunicação para ouvir ideias, sugestões e angústias dos colaboradores ajuda na prevenção;
- a tecnologia é uma aliada do Janeiro Branco. Existem aplicativos para cuidar da saúde mental e reduzir o estresse, além de sites específicos para atendimento online;
- contratar uma consultoria focada em qualidade de vida e promoção da saúde;
- produzir materiais informativos gráficos ou digitais;
- incentivar os colaboradores para hábitos saudáveis e atividades físicas;
- evitar situações de conflito ou que gerem emoções negativas;
- valorizar o convívio entre os times e entre os colaboradores e suas famílias;
- a alimentação saudável também é fundamental;
- organizar prazos e metas para que sejam alcançáveis;
- orientar sobre a qualidade do sono, evitando a fadiga e o desânimo.
Aqui, vimos algumas sugestões que costumam beneficiar o clima organizacional. Consequentemente, melhoram o bem-estar ocupacional e promovem qualidade de vida no trabalho.
Além de ações práticas, a Gestão de Pessoas deve estar atenta e, ao perceber o menor sinal de problema emocional ou mental, oferecer apoio ao colaborador. Para tanto, o RH deve encaminhá-lo para atendimento especializado e pode até conceder afastamento, se necessário, para tratar dessas e outras questões.
Como cuidar da saúde mental dos colaboradores?
A depressão e os transtornos mentais são as principais causas de incapacidade profissional no mundo corporativo. Nesse contexto, mais de 260 milhões de trabalhadores convivem com transtornos de ansiedade. Existem dados que reforçam a importância da saúde mental no trabalho. Trata-se de um fator com reflexo no desempenho, na motivação e na produtividade dos colaboradores.
Um estudo do International Stress Management Association (ISMA) indicou que nove em cada dez profissionais sofrem de ansiedade, desde graus mais leves até os mais severos e incapacitantes. Nesse sentido, quando um profissional está adoecido mentalmente, ocorre queda significativa nos resultados, gerando impacto no time inteiro.
Nesse contexto e para evitar problemas como absenteísmo, presenteísmo, afastamentos e aposentadoria precoce, é fundamental proteger a saúde mental dos colaboradores, inclusive e, principalmente, durante a pandemia.
No encontro de soluções para lidar com o assunto, o RH Humanizado propõe considerar cada profissional como indivíduo único. E a gestão de pessoas deve entendê-lo a partir de suas necessidades físicas e emocionais. Além disso, buscar o equilíbrio entre esses dois fatores é o papel da empresa.
No mesmo sentido, a gestão humanizada busca consolidar ações efetivas, não somente durante o Janeiro Branco, mas em todos os momentos. Desse modo, a conscientização deve ser contínua. Sendo assim, cria-se condições para perceber com facilidade situações de desequilíbrio emocional com origem no ambiente de trabalho.
Por fim, vale destacar que empresas que não se preocupam com a saúde mental de seus colaboradores têm índices altos de turnover e/ou afastam novos talentos em busca de oportunidades. Uma organização desatenta no cuidado com seus recursos humanos prejudica seu employer branding.
Dicas para preservar a saúde mental no trabalho
Diferentemente das doenças físicas que podem ser diagnosticadas com mais facilidade, a maioria das enfermidades psicológicas é imperceptível ou difícil de identificar.
Nesse contexto, estresse, depressão e ansiedade podem ficar escondidos durante meses ou até mesmo anos. Por isso, as organizações devem buscar maneiras de prevenir esses problemas para garantir a qualidade de vida dos seus colaboradores.
A seguir, confira algumas medidas que podem ser implementadas pela Gestão de Recursos Humanos para prevenir ou minimizar os impactos das doenças mentais.
Treine os gestores
As lideranças devem compreender que a saúde mental precisa ser tratada como prioridade nas empresas. Esse é o primeiro passo para manter o clima organizacional em alta e, assim, contar com colaboradores engajados e produtivos.
Por isso, os gestores precisam ser treinados para lidar com as questões de saúde mental que surgem no cotidiano da empresa. No entanto, devem considerar que males como depressão e ansiedade não podem ser tratados de forma coletiva.
Ao contrário, cada pessoa pensa, age e sente de maneira distinta. Ainda, cada profissional é um indivíduo único e deve ser tratado de modo particular. Então, treine os gestores para observar caso a caso e conduza a saúde mental do colaborador de forma personalizada.
Monitore o engajamento
Em qualquer circunstância da vida, pessoas engajadas demonstram entusiasmo, são mais positivas e sentem orgulho em fazer parte de algo ou de um time. Por outro lado, quando não estão envolvidos, os indivíduos se estressam com facilidade e desenvolvem enfermidades, como Síndrome de Burnout, depressão, isolamento e ansiedade.
Assim, para monitorar o comprometimento das equipes, invista em pesquisas de satisfação com os funcionários, aplique questionários de engajamento e colete feedbacks constantes.
Conscientize os colaboradores
Assim como os gestores, os colaboradores também precisam ter consciência sobre a importância da saúde mental no trabalho. Para ajudá-los, promova campanhas a respeito do tema, organize palestras com especialistas da área, desenvolva workshops e compartilhe conteúdos relevantes.
Além disso, é válido abrir espaço para que os colaboradores possam expor seus conflitos internos. Ainda, é importante que a organização forme uma rede de apoio para orientar, informar e acolher os profissionais para que eles possam enfrentar o adoecimento psicológico.
Por fim, a empresa deve tratar os problemas com naturalidade e sem julgamentos, evitando estigmatizar ainda mais as doenças mentais.
Promova o equilíbrio entre vida pessoal e profissional
Um ambiente de trabalho saudável precisa de equilíbrio entre a vida profissional e pessoal do colaborador. Por isso, para evitar o esgotamento mental causado pelo excesso de trabalho, as empresas apostam em políticas menos rígidas.
Assim, são boas iniciativas para aumentar a qualidade de vida no trabalho e fora dele:
- permitir horários flexíveis para que os funcionários trabalhem em momentos que consideram mais produtivos;
- fazer rodízios com folgas semanais para que possam tratar questões pessoais;
- oportunizar o trabalho remoto.
Desenvolva políticas de saúde mental na empresa
É importante estabelecer regras claras para combater assédio e bullying, atitudes que causam problemas psicológicos graves. Por isso, ao identificar que algo não vai bem com algum colaborador, conceda uma licença médica, por exemplo.
Por fim, se a empresa já tem políticas de saúde mental bem definidas, revise-as com frequência, atualize as boas práticas e desenvolva novas ações que possam se adequar às necessidades das equipes.
Conclusão
Ao escolher o primeiro mês do ano para a campanha, o Janeiro Branco tem um caráter de recomeço, pois coloca a qualidade de vida e bem-estar no planejamento para os próximos 365 dias.
Ainda, o cuidado com a saúde em seu sentido mais amplo traz consigo abordagens capazes de desenvolver uma cultura específica nas empresas. Tudo para promover o equilíbrio emocional e mental no ambiente de trabalho.
Para continuar no tema, baixe o ebook com dicas de autocuidado e autoconhecimento para garantir bem-estar emocional em 2022 para seus colaboradores.