Modelos de gestão: mecanicista, orgânico e cerebral
O Modelo de Gestão Mecanicista é o modelo ideal para as organizações que têm a produção em série como sua meta principal, quer seja no setor primário, secundário ou terciário. Os exemplos mais conhecidos são a linha de montagem da indústria automobilística e as grandes franquias, como McDonald’s. Outro exemplo menos conhecido, mas muito atual, que também poderia ser citado, é a Revista Veja, que circula semanalmente em todo território nacional, com uma tiragem superior a 1.500.000 exemplares e obriga a Editora Abril a terceirizar sua impressão para algumas indústrias gráficas, distribuídas pelas cinco regiões do Brasil, como única alternativa de atender à demanda de seu produto, dentro dos padrões de qualidade e prazos exigidos. Este modelo de gestão é o mais indicado quando a precisão, a segurança e a responsabilidade são valorizadas.
Por outro lado, mesmo trabalhando com uma plataforma de baixo custo, o Modelo de Gestão Mecanicista é muito “engessado” para os dias atuais de economia globalizada, quando as organizações enfrentam um ambiente extremamente volátil, que exige delas constantes mudanças e adaptações a novos cenários. Além dessa limitação, este modelo é conhecido como desumanizante e irracional, em função de está focado no resultado, sem se importar com outros aspectos, como a geração e manutenção de postos de trabalho, desenvolvimento humano, dentre outros.
O Modelo de Gestão Orgânico, por sua vez, surgiu a partir da necessidade de sobrevivência das organizações em um ambiente de mercado cada vez mais instável e competitivo, que exige uma alta capacidade de adaptação às constantes mudanças. Ao contrário do Modelo Mecanicista, este Modelo de Gestão percebe a organização como um sistema aberto, que pode ser otimizada por meio do atendimento de suas permanentes necessidades pela interação com o meio ambiente em que opera, utilizando-se de vários meios para atingir seus objetivos.
O Modelo de Gestão Orgânico exige uma estrutura organizacional mais flexível e adaptável, com um sistema de decisões descentralizado e hierarquia flexível, oferecendo, assim, mais oportunidade de desenvolvimento humano. Alguns especialistas destacam ainda alguns aspectos importantes nas organizações que utilizam este modelo:
• Os cargos são continuamente modificados e redefinidos;
• Amplitude de comando do supervisor;
• Maior confiabilidade nas comunicações informais;
• Predomínio da interação lateral e horizontal;
• Ênfase nos princípios do bom relacionamento humano;
Um exemplo de organização mundialmente conhecida que utiliza o Modelo de Gestão Orgânico é a IBM — International Business Machines, que durante muito tempo deteve o monopólio em seu segmento de mercado, sendo obrigada a deixar o Modelo de Gestão Mecanicista, depois de amargar sérios prejuízos.
A principal crítica a este Modelo de Gestão se baseia no fato de que a natureza é apresentada como objetiva e real em cada aspecto, uma ideia facilmente contrariada quando aplicada à sociedade e à organização.
O Modelo de Gestão Cerebral encontra-se em desenvolvimento e ainda é uma expectativa de superação das limitações encontradas nos modelos comentados anteriormente. Goreth Morgan (1996) aponta aspectos positivos e importantes deste Modelo de Gestão e destaca a importância dada ao processamento de informações, aprendizagem e inteligência.
Firmado em quatro pilares, citados a seguir, a aplicação deste Modelo torna-se quase inviável para a grande maioria das organizações:
1. “O Modelo sugere que organizações inovadoras devem ser planejadas como sistemas de aprendizado que coloquem ênfase especial à investigação e à autocrítica”.
2. “O Modelo contribui para a compreensão de como a administração estratégica pode ser planejada para facilitar o aprender a aprender”.
3. “O Modelo oferece meios através dos quais é possível ultrapassar a limitada racionalidade que caracteriza muitas organizações – existência de outro lado da capacidade cognitiva além da racionalização: a holística, analógica, intuitiva, criativa”.
4. “O Modelo oferece meios de pensar sobre como o desenvolvimento na computação e outras tecnologias em micro processamento podem ser usadas para facilitar novos estímulos de organização”.
Mesmo ainda em fase de desenvolvimento, Goreth Morgan aponta as seguintes limitações neste Modelo de Gestão:
1. “Perigo de não se considerar importantes conflitos entre os requisitos da aprendizagem e auto-organização por um lado e das realidades de poder e controle por outro”.
2. Qualquer movimento no sentido da auto-organização deve ser acompanhado por importantes mudanças de atitudes e valores ou as realidades do poder podem ser reforçadas pela inércia, que vem de suposições e crenças existentes”.
Finalizando, é possível concluir que um modelo de gestão não invalida o outro e que para se escolher um determinado modelo devem ser consideradas algumas variáveis importantes: objetivos estratégicos, mercado, tecnologia, recursos, cultura, clima, localização etc. Não existe um modelo ideal, porque não existem organizações iguais.
Prof. Alexandre Costa
Pedagogo Especialista em Educação Corporativa e Educação a Distância, Mestrando em Ciências da Educação, Personal, Professional e Leader Coach, Escritor e Palestrante.
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