A paradoxo da tolerância na Diversidade & Inclusão
*Por Marcio Bueno, Tecno-Humanista, Autor, Palestrante, Fundador e CEO da BE&SK, plataforma de conhecimento, empresa de formação corporativa e consultoria
A tolerância propicia liberdade e é habilitadora da capacidade de conviver com a diversidade. Mas para que precisamos de diversidade & inclusão (D&I) nas empresas?
Por moda? Não.
Por que é o certo? Talvez.
Por que a diversidade possibilita a inovação? Sim, é um bom motivo.
Na Tecno-Humanização ampliamos o conceito da diversidade e aplicamos a neurodiversidade como vantagem competitiva em nossos clientes. Você pode conhecer um pouco mais lendo este artigo.
Diversidade & Inclusão nas empresas
Para que exista Diversidade & Inclusão ampla e genuína nas empresas, precisamos medir e desenvolver a tolerância nas pessoas.
A tolerância é uma virtude que devemos cultivar sem cessar, em nossa vida pessoal e profissional.
Todos somos passíveis de erro, falhos, imperfeitos, portanto a tolerância é o que permite a convivência com o diverso, em seu sentido mais amplo da palavra.
Promover debates e o respeito por opiniões diferentes é uma prática importante para a empresa. Ensinar as equipes a encontrar pontos em comum, aprenderem da diversidade & inclusão, conseguir sinergias do igual e tolerar o diferente.
A diversidade exige tolerância.
A inovação requer tolerância, principalmente ao erro.
Tempos de hiper informação e polaridade exacerbada requer tolerância.
Existe uma tendência muito forte para que as empresas vendam causas e não produtos. Este é um caminho perigoso, porque muitas empresas acabam acreditando nisso e esquecem de fazer o básico bem-feito.
Uma empresa sempre vende, um produto ou serviço. Outra coisa é que a empresa tenha um propósito e represente uma causa, mas não é o que ela vende.
Mas, devemos permitir e tolerar qualquer coisa? Óbvio que não! De forma alguma. É extremamente perigoso ser totalmente tolerante.
O filósofo e professor austro-britânico Karl Raimund, publicou em seu livro The Open Society and Its Enemies, em 1945 três paradoxos: O da liberdade, o da democracia e o da tolerância.
“A tolerância ilimitada leva ao desaparecimento da tolerância. Se estendermos a tolerância ilimitada mesmo aos intolerantes, e se não estivermos preparados para defender a sociedade tolerante do assalto da intolerância, então, os tolerantes serão destruídos e a tolerância com eles”, escreve Raimund em seu livro.
A pressão social muitas vezes obriga as empresas a aceitarem profissionais medianos, e até medíocres, para cumprir as exigências sociais. Por isso, acabaram surgindo três grupos nas empresas que, para o bem da organização, devem ser identificados e trabalhados.
1. Os tolerantes de verdade, que são capazes de conviver com o diverso.
2. Os intolerantes, que devem ser trabalhados e mudado seu Mindset.
A intolerância é uma atitude mental, consciente ou inconsciente, caracterizada pela falta de habilidade ou vontade em reconhecer e respeitar diferenças em crenças e opiniões.
Na Tecno-Humanização nós trabalhamos isso de forma metodológica. Aplicamos uma ferramenta de diagnóstico de Mindset e Cultura e implementamos um framework desenvolvido pela BE&SK.
3. O último, e mais perigoso, são os falsos tolerantes. São aqueles que aceitam a diversidade & inclusão, levantam bandeiras, o fazem somente para seguir a corrente da moda, porém, criam obstáculos, dificuldades e dinamitam o processo desde dentro.
A ferramenta de diagnóstico também detecta este tipo colaborador e o trabalho de mudança de Mindset deve ser feito de maneira individual.
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Mas o limite da tolerância não deve ser trabalhado apenas nas pessoas, deve estender-se aos processos.
Em especial o processo de captação de talento.
Não podemos permitir que a empresa converta seu processo de recrutamento e seleção em um casting da Benetton. (os leitores menores de 40 anos precisarão consultar essa referência ☺☺)
Buscar a diversidade por imposição social, contratar dando prioridade à diversidade relegando as hard skills, soft skills e deep skills ao segundo plano, coloca o futuro da empresa em risco.
Não basta contratar o melhor de cada gênero, de cada etnia, de cada grupo ou tribo. Uma empresa tem a obrigação de tentar captar os melhores e maiores talentos, acima de qualquer coisa
E para buscar representatividade, se não encontrar, quando precisar, os talentos necessários, deve-se criar um programa de formação e capacitação.
Não se trata de renunciar à diversidade e muito menos ao talento, é uma responsabilidade corporativa buscar e construir a ambos.
Lembrem-se, identifiquem o mais rápido possível os falsos tolerantes.
Eles tendem a proteger “seus iguais” e penalizar quem não o é.
Eles tendem a não aderirem aos projetos propostos por pessoas que não pertencem aos “seus grupos”.
Eles tendem a classificar as pessoas em dois grupos: “os que estão comigo e os que estão contra mim”.
E este é o maior repelente de talentos e destruidor de equipes que você pode ter em sua organização.
Qual o grau de tolerância merece receber este tipo de intolerante?
“Devemo-nos, então, reservar, em nome da tolerância, o direito de não tolerar o intolerante.”
Karl Raimund
Não há Diversidade & Inclusão sem intolerância ao intolerante. Boa gestão de D&I.